Giovanna O. Silva
Fordismo, Toyotismo e Volvismo: Os Caminhos da Indústria em Busca do Tempo Perdido.
                Os métodos de produção e a forma de organização do trabalho dominante nas companhias dos países industrializados ocidentais, a partir da década de 70 trouxeram uma nova ameaça perante a indústria euro- americana predefinida ate então a supremacia no mercado.

ORGANISMOS COMO MÁQUINAS: FORD E A PRODUÇÃO EM MASSA

As origens da organização mecânica

                O conceito de organização (que vem do grego organon, que significa instrumento) perdeu sua força no desenvolvimento capitalista, onde as organizações passaram ter fim em si mesmas.
                No processo de industrialização passamos a usar maquinas como metáforas para nós mesmos e a moldar o mundo de acordo princípios mecânicos. O trabalho nas fábricas passou a exigir horários rígidos, rotinas predefinidas, tarefas repetitivas e estreito controle.  Nesse processo a vida humana sofreu grandes transformações, desde a forma de produção até a própria constituição da sociedade.
                Mais a ideia central continuo sendo que as organizações são sistemas racionais que devem operar da forma mais eficiente possível. E foi fazendo uso dessa ideia que Taylor desenvolveu princípios baseados na separação entre trabalho mental e físico e na fragmentação das tarefas. A aplicação desses princípios resultaram em uma nova força trabalho, marcados pela perda das habilidades genéricas manuais e um aumento brutal da produtividade. Uma das chaves do sucesso da indústria americana por muitos anos foi a utilização desses princípios na expansão da industrialização.
                Administrar uma organização como maquina significa fixar metas e estabelecer formas de atingi-las; organizar tudo de forma racional, clara e eficiente; detalhar todas as tarefas e, principalmente controlar. Logo no inicio o gerenciamento científico foi visto como uma solução para vários problemas, mas organizações orientadas pelo enfoque gerencial mecanicista é que depois de um tempo elas tendem a gerar um comportamento caracterizado pela acefalia, falta de visão critica, apatia e passividade.
                O mecanismo baseia-se na racionalidade funcional ou instrumental, que indica o ajuste das pessoas e funções ao método de trabalho ou um projeto organizacional predefinido.
                O enfoque mecanicista atingiu muito sucesso nas organizações, tornando-se assim muito popular e por razões justas. Além de os princípios articulados por essa visão passarem a integrar os modelos de poder e controle existentes.
Henry Ford e a produção em massa.

                Antes do processo de produção em massa, as organizações eram decentralizadas, o volume de produção era baixo, o processo de fabricação variava quase que de veiculo para veiculo e as maquinas – ferramentas eram de uso geral. Os custos de produção eram muito altos e não caiam com o aumento do volume. Só os ricos podiam comprar carros; os carros eram de baixa qualidade e pouco confiável.
                No século XIX quando a indústria atingia um patamar tecnológico e econômico, Henry Ford implantou seus conceitos de produção, conseguindo com isto reduzir consideravelmente os custos e melhorar substancialmente a qualidade.
                Ao contrário do que muitos penam o conceito de produção em massa não é uma ideia de linha contínua, mas sim a completa e consistente intercambiabilidade de partes e a simplicidade de montagem.
                As mudanças ocorridas permitiram reduzir o esforço humano na montagem, aumentar a produtividade e diminuir os custos proporcionalmente à elevação do volume produzido. Reduzindo também o tempo de preparação das máquinas fazendo com que elas executassem apenas uma tarefa por vez sendo colocadas em uma sequencia lógica.
                Mas com a produção em massa o trabalhador tinha uma única tarefa, ao contrário do processo manual, não comandava, não preparava ou reparava equipamentos, não inspecionava a qualidade, muito menos conhecia a atividade exercida pelo seu vizinho.
                O modelo de produção em massa depois dos anos 30 passou por um considerável declínio, mas Alfred Sloan conseguiu resolver o problema, implantando um rígido sistema de controle. Mas, a partir de 1955, o modelo mostrou novamente sinais de esgotamento.
                Com as fabricantes europeias também aplicando o modelo, mas com novas adaptações, a crise do petróleo dos anos 70 e novos concorrentes vindos do Japão, o modelo Fordista definitivamente entrou em choque.

ORGANIZAÇÕES COMO ORGANISMOS: TOYOTA – ASCENSÃO DA PRODUÇÃO FLEXÍVEL

A descoberta das necessidades organizacionais e dos imperativos do meio ambiente

                No início do século a ideia de que empregados possuíam necessidades complexas que precisavam ser supridas, não tinha fundamento. Mayo foi um dos primeiros a se dedicar e estudar as necessidades sociais no local de trabalho, a importância dos grupos informais e priorizar o lado humano da organização. Maslow, também teve uma participação considerável, conceituando o ser humano como organismo psicológico que procura satisfazer suas necessidades de crescimento e desenvolvimento. Herzberg e Mc Gregor, por sua vez, abordaram a integração dos indivíduos nas organizações através de funções mais enriquecedoras, levando a maiores níveis de criatividade e inovação, criando assim o Gerenciamento dos Recursos Humanos. A contribuição da Teoria dos Sistemas considera que, as organizações são sistema abertos e tendem a encontrar uma relação com o ambiente para garantir sua sobrevivência. A Teoria da Contingência começou seu desenvolvimento, e tendo enfoque na questão do impacto da tecnologia na estrutura.

Toyota – a ascensão da produção flexível

                O Sistema Toyota de Produção (Produção Flexível) teve surgimento a partir do momento que o a produção em massa não poderia ser implantado com bons resultados no Japão. Nascendo assim o sistema de produção mais eficiente e a maior empresa automobilística já conhecida até hoje.
                No inicio vários problemas foram encontrados como: o mercado pequeno, a força de trabalho local não se submeter ao conceito taylorista, compra de tecnologia dificultada e exportações remotas.
                Perante as dificuldades foi então desenvolvido uma serie de inovações técnicas que possibilitaram uma grande redução no tempo necessário, redução dos custos de inventário e a possibilidade da detecção quase instantânea dos problemas de qualidade.
                O sistema flexível da Toyota foi bem sucedido em capitalizar as necessidades do mercado consumidor e se adaptar às mudanças tecnológicas. Ao mesmo tempo em que os veículos foram criando mais complexidade e o mercado exigindo maior confiabilidade e maior variedade de modelos.
                A vantagem do toytismo sobre o fordismo é a sua maior adaptabilidade às condições ambientais, a inovação além da flexibilidade e a constante motivação de seus colaboradores.

ORGANIZAÇÕES COMO CÉREBROS – VOLVO: O CAMINHO DA FLEXIBILIDADE CRIATIVA

O rumo da auto-organização


                Nenhum modelo ou sistema tem capacidade de superar o cérebro quanto vetor de ação inteligente.
Duas imagens do cérebro como forma de estabelecer uma ponte entre suas características e a aplicação dos princípios decorrentes ao mundo organizacional, serão abordadas.
    A primeira é a imagem da organização como sistema de processamento de informações. A segunda é a da organização como sistema holográfico.
                Segundo Simon, as organizações não são totalmente racionais, pois seus membros têm acesso a redes limitadas de informação. Esta limitação é contornada pela criação de planos, normas e procedimentos, que visam a simplificar a realidade organizacional. Enquanto organizações mecanicistas utilizem sistemas rígidos, organizações organicistas possuem processos mais flexíveis. 
                Varias indagações são feitas perante a imagem de um sistema cérebro. Questionando como um sistema pode ser inteligente ou até mesmo aprender. A cibernética enfoca estas questões através do estudo da informação, comunicação e controle. Sendo o ponto central a capacidade de auto- regulação.
                Quatro princípios foram desenvolvidos a partir dos conceitos de single-loop (aprendizado) e double-loop (aprendizado do aprendizado). São os seguintes:

ü  Capacidade de sentir ou monitorar o ambiente;
ü   Relacionamento das informações colhidas com normas predefinidas;
ü  Detecção das variações;
ü  Início da correção.

                A visão da organização como sistema holográfico pode ser descrita de tal forma: no cérebro cada neurônio é conectado a milhares de outros, num sistema ao mesmo tempo especialista – cada componente tem funções especificas – com grande intercambiabilidade. O controle e execução não são centralizados.
                Um projeto organizacional com essas características, que são chamadas de holográficos, deve adotar quatro princípios.
ü  Fazer o todo em cada parte;
ü  Criar conectividade e redundância;
ü  Criar simultaneamente especialização e generalização; e
ü  Cria capacidade de auto-organização.

                Sem redundância, não há reflexão e evolução. Sendo o grau de redundância a função da complexidade do meio ambiente. O objetivo é dotar a organização do máximo de flexibilidade e capacidade de inovação, o aprendizado do aprendizado é um ponto fundamental, pois evita que um excesso de flexibilidade leve ao caos. Permite, igualmente, ao sistema, guiar-se em relação às normas e valores existentes.
                Criar sistemas que tenham a capacidade de inovar tem o desafio de projetar sistemas capazes de auto-organização. Visualizar a organização como cérebro, ou holograma, permite estabelecer uma nova fronteira além da racionalidade instrumental que permeia as análises mais comuns hoje praticadas e redirecionar a ação gerencial.
Volvo: o caminho da flexibilidade criativa

                A Volvo chama atenção por desafiar os princípios fordistas e toyotistas, embora possa ser confundido ao retorno dos processos manuais.
                Uddevalla, a nova planta, une flexibilidade funcional na organização do trabalho com um alto grau de automação e informatização, sendo também um exemplo de produção diversificada de qualidade.
                Sua estratégia parece combinar os requisitos e demandas do mercado, os aspectos tecnológicos, os imperativos do dinâmico processo de transformação da organização do trabalho e as instáveis condições da reestruturação da indústria.
                    Operando num mercado de trabalho complexo, a Volvo adequou sua estratégia a dois fatores fundamentais: a internacionalização da produção e a democratização da vida no trabalho. Foi construída levando em consideração a presença humana. O nível de ruído é baixo, a ergonomia esta presente em todos os detalhes e o ar é respirável.
                O objetivo da volvo é projetar um trabalho tão ergonomicamente perfeito, que torne os operários mais saudáveis, além de aumentar a produtividade, reduzir custos e produzir com a mais alta qualidade.
               A combinação de alta tecnologia com um criativo projeto sociotécnico também possibilitou uma redução da intensidade de capital. Isto permitiu imensa flexibilidade tanto de produto quanto de processo.

CONCLUSÃO

Linha evolutiva dos três “ismos”


FORDISMO
TOYOTISMO
VOLVISMO
ü  Produção em massa.
ü  Produção flexível
ü  Produção flexiva e criativa


Fordismo: O objetivo principal deste sistema era reduzir ao máximo os custos de produção e assim baratear o produto, podendo vender para o maior número possível de consumidores. Desta forma, dentro deste sistema de produção cada funcionário executava uma pequena etapa. Logo, os funcionários não precisavam sair do seu local de trabalho, resultando numa maior velocidade de produção. Também não era necessária utilização de mão-de-obra muito capacitada, pois cada trabalhador executava apenas uma pequena tarefa dentro de sua etapa de produção.
Toyotismo: O Toyotismo tinha como elemento principal, a flexibilização da produção. Ao contrário do modelo fordista, que produzia muito e estocava essa produção, no toyotismo só se produzia o necessário, reduzindo ao máximo os estoques. Essa flexibilização tinha como objetivo a produção de um bem exatamente no momento em que ele fosse demandado, no chamado Just in Time. Dessa forma, ao trabalhar com pequenos lotes, pretende-se que a qualidade dos produtos seja a máxima possível. Essa é outra característica do modelo japonês: a Qualidade Total.
Volvismo: nessa linha, o operário tem um papel completamente diferente daquele que tem no fordismo, e ainda mais importante que no toyotismo: aqui é ele quem dita o ritmo das máquinas, conhece todas as etapas da produção, é constantemente reciclado e participa, através do sindicatos, de decisões no processo de montagem da planta da fábrica (o que o compromete ainda mais com o sucesso de novos projetos).

Fonte:
Artigo: Fordismo, Toyotismo e Volvismo: Os Caminhos da Indústria em Busca do Tempo Perdido
Autor: Thomaz Wood Jr:  Engenheiro Químico pela UNICAMP, Mestrando em Administração de Empresas da EAESP/FGV e Profissional do Setor Fibras e Polímeros da Rhodia S.A.
Giovanna O. Silva
Trabalho e gestão de si – para além dos
 “recursos humanos”


Este texto busca analisar como a Ergonomia da Atividade Situada e a Ergologia pode ajudar o profissional de Recursos Humanos (Gestão de Pessoas). Com as novas exigências do mercado capitalista o modelo de trabalhador taylorista- fordista, que realizavam tarefas monótonas e repetitivas já não atendem esse mercado tão inovador. A contemporaneidade procura trabalhadores críticos, questionadores, dinâmicos, inovadores, criativos e inteligentes. Para que as exigências sejam atendidas demanda uma nova subjetividade (Subjetividade é entendida como o espaço de encontro do indivíduo com o mundo social) esta sendo criada para atender as necessidades do sistema capitalista.

Contribuições da Ergonomia da Atividade Situada e da Ergologia à compreensão do trabalho no contemporâneo: um olhar a lupa

                A Ergonomia da Atividade Situada mostra a diferença entre trabalho prescrito, (trabalho planejado antes de sua realização) e trabalho real (o trabalho efetivamente realizado), ou seja, o trabalho efetuado jamais corresponde ao trabalho esperado, porque ao realizar a tarefa, as pessoas estão expostas a uma serie de fatores que influenciam sua produtividade, tais como: fadiga, panes, diferenças de ritmos, efeitos da idade, experiência etc.
 A Ergologia³ parte do ponto estabelecido pela Ergonomia entre trabalho prescrito e trabalho real. Utilizando-se de uma “lupa” e tenta entender o trabalho a partir da atividade concreta de quem o executa. Trabalho para a Ergologia significa a atividade de seres humanos situados no tempo e no espaço e que se dá no acontecendo da vida. São atividades sempre complexas e que possuem um caráter enigmático.
            Atividade de trabalho é a maneira pela qual os humanos se envolvem no cumprimento dos objetivos do trabalho, em um lugar e tempo determinados, utilizando-se dos meios colocados à sua disposição.
                Na visão da Ergologia, é impossível que não exista atividade. Em uma situação de trabalho, não há como se fixar ao prescrito, o trabalho efetivamente realizado nunca é só prescrição, pois envolve sempre atividade humana. Diferente das estruturas organizacionais tayloristas, que acreditavam que apenas seguir as normas, os procedimentos escritos e as prescrições eram o suficiente para se realizar o trabalho. O trabalho real exige sempre uma mobilização maior e afetiva do trabalhador. O trabalho, na realidade, nunca é só mera execução.
                        A Ergologia exige que cada disciplina se repense e se retrabalhe a partir de quatro pressupostos:
ü  Noção de atividade: Essa atividade é sempre realizada e vivenciada de forma singular, personalizada e diferenciada e marca o distanciamento entre o que é prescrito e o que é efetivamente realizado.
ü  A consideração de que existe um campo de debate de valores em todas as atividades realizadas por humanos: A maneira como cada pessoa age diante das lacunas ou das deficiências do prescrito é sempre singular, não pode ser padronizada. Cada um vai renormalizar o meio a seu jeito para dar conta do que não está prescrito. E isso vai sempre envolver um debate: de normas, de valores e de histórias.
ü  A existência de uma dialética: aponta para a necessidade de interligar as questões micros e macros, entre o contexto em que ocorre a atividade de trabalho e a atividade singular. É se recusar a pensar apenas o contexto global (dimensão macro) acreditando que apenas ele promove impactos sobre as pessoas, que deveriam encontrar formas de se adaptar.
É recusar-se também, por outro lado, a fechar-se na dimensão micro do trabalho, esquecendo-se de ampliá-lo para efetuar análises mais precisas. É realizar o esforço de efetuar cruzamentos de uma determinada situação de trabalho com questões maiores que possam ser generalizadas. É “partir de” um certo lugar para adquirir sua ampliação.

ü   A consideração da existência de um regime de produção de saberes como dispositivo em três polos: aponta na direção de um regime de produção de saberes como dispositivo em três polos: o polo dos conceitos, o da experiência e um terceiro, ético e epistêmico, que faça a ligação entre os dois. O dispositivo em três polos é uma consequência direta da ideia de normalização da atividade. Para Schwartz, trabalhar envolve sempre uma dramática do uso de si. Trabalhar é sempre um drama no sentido de que envolve o trabalhador por inteiro, é o espaço de tensões problemáticas, de negociações de normas e de valores.



Recursos Humanos – que transformações?



                As práticas dos profissionais de Recursos Humanos se dão sempre no sentido de
“adaptar” o trabalhador às necessidades do trabalho e “corrigir” as falhas advindas do “fator humano”.
                A partir da década de 70, surge uma nova crise capitalista internacional e novamente os mundos de trabalho são alvos de transformações tecnológicas e organizacionais.
                A agilidade da inovação e a criatividade passam a ser decisivas para a sobrevivência
das empresas. Assim, após investir na anulação das capacidades cognitivas dos trabalhadores, dificultando terrivelmente o desenvolvimento de cada um, o capital chega a outro momento em que necessita de um trabalhador não apenas qualificado, mas competente, inteligente, questionador, crítico, inovador, que possa criar alternativas que mantenham a empresa competitiva.
                Surge à demanda de um “super-profissional”, altamente qualificado para atender às novas exigências do capital.
                Deste momento em diante surgem novas mudanças em relação às políticas e às práticas de Recursos Humanos. A principal foi no próprio nome do campo de trabalho, de Recursos Humanos para Gestão de Pessoas. Os funcionários não são vistos mais como recursos que podem ser manipulados e administrados, mais sim intervir nessas gestões das pessoas, compreender que mobilização subjetiva é essa, presente nas atividades de trabalho.
                Essa nova forma de pensar o trabalho traz mudanças também nas questões de seleção de pessoas. As seleções não podem mais ser realizadas a partir de perfis – rígidos e estáticos –, privilegiando trabalhadores que sejam bons seguidores de regras, mas surge a noção de potencial, que traduz uma visão de movimento, mais dinâmica. Essa noção de potencial vai permitir prever competências futuras (a partir, por exemplo, de avanços tecnológicos previsíveis), sendo possível antecipar programas de formação e de orientação de carreira.
                As avaliações de desempenho passam a levar em consideração questões como satisfação do cliente, clima no ambiente de trabalho e melhoria de processos internos, além dos indicadores financeiros.

Fonte: Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 2004, vol.7, PP. 41-49.

Giovanna O. Silva

Toyotismo é o modelo japonês de produção, criado pelo japonês Taiichi Ohno e implantado nas fábricas de automóveis Toyota, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Nessa época, o novo modelo era ideal para o cenário japonês, ou seja, um mercado menor, bem diferente dos mercados americano e europeu, que utilizavam os modelos de produção Fordista e Taylorista. Toyotismo é um sistema de organização voltado para a produção de mercadorias. O Toyotismo espalhou-se a partir da década de 1960 por várias regiões do mundo e até hoje é aplicado em muitas empresas.
A ideia principal era produzir somente o necessário, reduzindo os estoques produzindo em pequenos lotes, com a máxima qualidade, trocando a padronização pela diversificação e produtividade. As relações de trabalho também foram modificadas, pois agora o trabalhador deveria ser mais qualificado, participativo e polivalente, ou seja, deveria estar apto a trabalhar em mais de uma função.

O Modelo Toyota

...É assim, pelo aperfeiçoamento constante ou, talvez eu devia dizer, pela melhoria baseada na ação que podemos alcançar um nível mais alto de praticas e de conhecimento”
Essa frase de Fujio Cho, presidente da Toyota, revela o pensamento pelo qual a empresa é administrada. Visão que é muito admirada, pois fez a Toyota se destacar no mercado automotivo, não pelo design ou desempenho dos carros, mais sim pela forma que concebia e fabricava seus veículos.
Com a excelência operacional sendo uma estratégia, foi adquirindo uma reputação de qualidade e uma consistência no desempenho, baseando-se em métodos de melhoria de qualidade e ferramentas como Just-in-time, fluxo unitário de peças, autonomação (jidoka) e nivelamento de produção (heijunka).
A Toyota sempre deixou claro que técnicas e ferramentas não são o bastante para modificar o desempenho, mais que o sucesso operacional origina-se na filosofia empresarial baseada em compreensão e motivação das pessoas.
Utilizando também dos “4Ps” – Filosofia, Processo, Pessoal/Parceiros e Solução de Problemas, que juntamente com Gengi Genbutsu, Kaizen, Respeito e Trabalho de Equipe e Desafio, formam o DNA da empresa.

  
A Toyota criou seu próprio Sistema de Produção, conhecido como STP, que com uma boa aplicação em todas as áreas da empresa, resulta na “produção enxuta”.
O objetivo de a Toyota criar essas ferramentas era eliminar os desperdícios de tempo e de material em cada passo do processo de produção, visando à necessidade de processo rápidos e flexíveis que deem aos clientes  o que eles desejam, quando desejam com o máximo de qualidade e  custo interessante.
As ferramentas de apoio aplicadas ao conceito enxuto, como troca rápida de ferramentas, trabalho padronizado, sistemas de puxar e verificar erros são fundamentais para a criação do fluxo.
Mas a chave do STP está no compromisso administrativo da empresa, com o investimento no pessoal e produção, além da promoção de uma cultura de melhoria contínua.
A Toyota tomou a iniciativa de criar o TSSC (Toyota Supplier Support Center) que ensinaria empresas americanas sobre o STP, criando um projeto enxuto para cada uma, que consistia em transformar uma linha de produção de uma empresa com ferramentas e métodos do STP.
Com a consultoria da TSSC pode-se perceber que muitas das empresas que se diziam ser enxutas, não compreendiam o que faz funcionar todas as ferramentas em um sistema.
A Toyota integra todos de uma forma homogenia desde os executivos até os funcionários de fabricação, desafiando as pessoas a utilizarem sua iniciativa e criatividade para experimentar e aprender. Tornando–se assim uma organização de aprendizagem que esteve evoluindo durante a maior parte do século.
A Toyota deu um exemplo de que se precisa aperfeiçoar e inovar constantemente para permanecer à frente da concorrência e evitar tornar-se monótono.
ü  Eliminando o desperdício de tempo e de recursos;
ü  Construindo qualidade nos sistemas do local de trabalho;
ü  Descobrindo alternativas confiáveis de baixo custo para a tecnologia nova e dispendiosa;
ü  Aperfeiçoando o processo administrativo;
ü  Construindo uma cultura de aprendizagem para a melhoria contínua.
Utilizando esses princípios para melhorar a qualidade, eficiência e velocidade. O Modelo Toyota é uma lição, uma visão e uma inspiração para qualquer organização que queira ser bem sucedida em longo prazo.
Principais características do Toyotismo:
- Mão-de-obra multifuncional e bem qualificada. Os trabalhadores são educados, treinados e qualificados para conhecer todos os processos de produção, podendo atuar em várias áreas do sistema produtivo da empresa.
-Team work (trabalho em equipe) – os trabalhadores passaram a trabalhar em grupos, orientados por uma líder. O objetivo é de ganhar tempo, ou eliminar os “tempos mortos”.
- Sistema flexível de mecanização- A produção deve ser ajustada a demanda do mercado. Produzir apenas o necessário, reduzindo os estoques ao mínimo.
- Uso de controle visual em todas as etapas de produção como forma de acompanhar e controlar o processo produtivo.
- Implantação do sistema de qualidade total em todas as etapas de produção. Além da alta qualidade dos produtos, busca-se evitar ao máximo o desperdício de matérias-primas e tempo. Todos os trabalhadores, em todas as etapas da produção são responsáveis pela qualidade do produto e a mercadoria só é liberada para o mercado após uma inspeção minuciosa de qualidade.
- Aplicação do sistema Just in Time (na hora certa): ou seja, produzir somente o necessário, no tempo necessário e na quantidade necessária.
- Kanban (etiqueta ou cartão) – método para programar a produção, de modo que o Just in time se efetive.
- Uso de pesquisas de mercado para adaptar os produtos às exigências dos clientes.
- Automatização – utilizando máquinas que desligavam automaticamente caso ocorresse qualquer problema, um funcionário poderia manusear várias máquinas ao mesmo tempo, diminuindo os gastos com pessoal.

Fontes:
LIKER, Jeffrey K. /O Modelo Toyota: 14 Princípios de Gestão do maior fabricante do mundo / Porto Alegre: Bookman, 2005. Pág.25 Capitulo 1.